segunda-feira, 28 de novembro de 2011

AS CONQUISTAS ROMANAS

Delenda est Carthago

          A frase título acima que significa " É preciso destruir Cartago", usada por Marco Pórcio Catão, chamado "Antigo" ou "O Censor", senador famoso em Roma, simboliza uma época: a luta entre CARTAGO, potência marítima de primeira ordem dentro do Mediterrâneo e ROMA, que se afirmava como potência terrestre em plena expansão continental. A causa primordial das chamadas GUERRAS PÚNICAS foi a rivalidade comercial marítima.
          No século II a.C., Cartago, antiga colônia fenícia no norte da África, exercia intensa atividade comercial marítima no Mar Mediterrâneo. Os romanos haviam acabado de conquistar a Península Itálica, englobando em seu novo território político as cidades gregas do sul da "bota" italiana. Eles eram excelentes soldados em terra, que em sucessivas campanhas dilataram o que mais tarde formou o Império Romano.


          Vendo a expansão romana, Cartago logo pressionou os gregos da Sicília, produtores de trigo, a fim de manter essa ilha sob sua tutela, antes que Roma se apoderasse dela. A ameaça cartaginesa, entretanto, gerou a grande crise que se iniciou em 264 a.C. e que só terminou após três guerras sucessivas, com o arrasamento da cidade de Cartago em 146 a.C.
          Na verdade, sendo uma ilha o pivô da disputa, a guerra a se travar tinha que ser marítima; e Cartago tinha a vantagem. Com sua poderosa e adestrada marinha, os cartagineses punham sua capital a salvo das investidas romanas, enquanto interditavam o comércio marítimo de Roma e pilhavam suas costas.
          Não restava aos romanos outra alternativa. A serem derrotados por Cartago, tinham que se transformar em nação marítima. Era o grande desafio que a guerra trazia aos latinos.
          E Roma se transformou em potência marítima.
          Os romanos constroem as necessárias GALERAS que lhes são também cedidas pelas cidades gregas aliadas. Os remadores exercitam-se nas areias do rio Tibre e, depois, partem para o mar. Para vencerem, põem sua capacidade inventiva à prova e imaginam ter no mar as vantagens que tinham em terra.


          A tática naval tinha apenas um componente marinheiro: as manobras de aproximação. O resto era como na batalha campal: abordagem e luta corpo a corpo.   
Entretanto, possuíam os navios de guerra formidáveis ESPORÕES, com que se tentava investir contra o navio inimigo para afundá-lo com toda a sua guarnição, sem necessidade de abordagem. Era preciso evitá-lo. Se os romanos não introduzissem alguma alteração na tática, certamente levariam a pior. Eles não temiam o combate corporal, em que eram superiores aos cartagineses.
          Mas, e a aproximação das esquadras?
          Em meio à manobra, os cartagineses, superiores marinheiros, poderiam investir com seus esporões antes de dar aos romanos a oportunidade de se valerem  de sua superioridade militar.
          Inventou-se o CORVO, do latim corvus. Foi a solução romana. Constava de uma prancha articulada no pé do mastro e presa à sua extremidade superior, possuindo um gancho em forma de bico de corvo, daí o seu nome. Ao se aproximarem do inimigo a uma razoável distância, os romanos largavam o corvo, que caía sobre a galera inimiga, fazendo-se perder sua mobilidade, já que ficava presa. Pela prancha passavam os soldados de Roma, que iam encontrar seus adversários no convés inimigo. Tal engenho, aliado a total surpresa com que apareceu, foi a causa da primeira grande vitória romana no mar sobre os cartagineses na BATALHA DE MILES, na costa da Sicília, em 260 a.C.

corvo

          Roma saiu da primeira Guerra Púnica tranformada em potência marítima, apta a dirigir sua expansão também pelo mar.
          A Segunda Guerra Púnica foi eminentemente terrestre, na qual o gênio cartaginês de Aníbal soube fazer uma potência de tradição marítima como Cartago levar Roma quase à rendição por meio de uma campanha terrestre partida da Espanha, colônia cartaginesa.
          Enfim, as Guerras Púnicas tiveram um acentuado motivo econômico pela disputa do Mar Mediterrâneo e seu entorno.

ALBUQUERQUE, Antônio Luiz Porto. Fatos da História Naval. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação da Marinha, 2006.

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